quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O Poder de Destruir, O Poder de Criar

O poder que esta sociedade tem para destruir atingiu uma escala sem precedentes na história da humanidade - e este poder está a ser usado, quase sistematicamente, para causar uma destruição insensata em todo o mundo da vida natural e nas suas bases materiais. Em quase todas as regiões, o ar está a ser viciado, as águas poluídas, o solo está a ser levado pela água, a terra foi drenada e a vida natural destruída. As áreas costeiras e mesmo as profundezas do mar não são imunes ao alastramento da poluição. Com maior significância no fim de contas, os ciclos biológicos básicos, tais como o ciclo do carbono e do nitrogênio, dos quais todas as coisas vivas (incluindo os humanos) dependem para a manutenção e renovação da vida, estão a ser alterados até um ponto irreversível. A introdução arbitrária dos desperdícios radioativos, pesticidas de longa atividade, resíduos de chumbo e milhares de produtos químicos tóxicos ou potencialmente tóxicos na comida, água e ar; a expansão das cidades em vastas cinturas urbanas com concentrações densas de populações comparáveis em tamanho a nações inteiras; o aumento de ruído ambiente; as pressões criadas pela congestão, pela aglomeração e manipulação das massas; as imensas acumulações de lixo, refugo, dejetos e desperdícios industriais; o congestionamento do trânsito nas auto-estradas e nas ruas citadinas; a destruição pródiga de preciosos metais em bruto; a cicatrização da terra feita pelos especuladores da propriedade, os barões das indústrias mineiras e da madeira, os burocratas da construção de auto-estradas. Todos eles fizeram tais estragos numa simples geração, que excede os que foram feitos em milhares de anos pela habitação humana no seu planeta. Se tivermos em mente este ritmo de destruição, é aterrador refletir acerca do que acontecerá no futuro, à geração vindoura. A essência da crise ecológica do nosso tempo é que esta sociedade - mais do que qualquer outra no passado - está a desfazer literalmente o trabalho da evolução orgânica. É um axioma dizer que a humanidade faz parte do edifício da vida. É talvez mais importante, nesta fase tardia, sublinhar que a humanidade depende perigosamente da complexidade e variedade da vida, e que o bem-estar e a sobrevivência humanas assentam sobre uma longa evolução de organismos em formas crescentemente complexas e interdependentes. O desenvolvimento da vida num tecido complexo, a criação dos animais e plantas primordiais em formas altamente variadas, tem sido a condição prévia para a evolução e sobrevivência da própria humanidade e para uma relação harmônica entre a humanidade e a natureza.

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