A vida é um dom que nos é dado e é de grande valor meditar sobre o imensurável valor da linguagem. A sutileza das palavras é o que mais me toca. Algumas dizem tanto, outras parecem produzir um som, outras têm cheiro de flor. No papel, no ar, ou no pensamento, a palavra traduz, e ao mesmo tempo, cria nossas experiências. Enviam mensagens de surpresa, coragem, dor, beleza, amor. E se existe uma palavra que é capaz de conter tanta expressão e significado, essa é “Gentileza”. Este mês minha contribuição para este para todos tinha a ver com o tema relacionamento, e ao sentar para escrever sobre valores fundamentais que os relacionamentos precisam resgatar, a palavra Gentileza surgiu como um grande holofote em minha cabeça. Saí então a buscar seu sentido mais profundo. A palavra gentileza deriva da raiz latina "gens" e designa boa conduta, respeitosa, educada. Significa também qualidade de gentil, ação nobre, ilustre, distinta, valor, maneiras graciosas, valentia. Fiquei surpresa ao constatar a presença deste último termo: - Valentia é isso mesmo? Não sei exatamente a origem da definição neste último caso, porém, ao pensar um pouco mais me pareceu fazer sentido, pois é preciso muitas vezes certa valentia para poder expressar as coisas mais simples e singelas do nosso ser. E Gentileza certamente é uma delas. A nossa essência é gentil. Acredito assim, no meu modelo de mundo como aprendi no – curso de Neurolinguística. Já que cada pessoa tem uma representação interna do que é o mundo, aprecio muito acreditar que as pessoas possuem dentro de si uma qualidade gentil com a qual respondem ao mundo naturalmente. O bebê sorri para você quando vê um sorriso, e muitas vezes, não espera que você esteja sorrindo para fazê-lo, ele simplesmente o faz. É espontâneo, natural, simples e fácil. Quando a gentileza espontânea surge, ela vem porque é genuína. Naquele instante em que se mostra, não espera nada em troca, além da oportunidade de simplesmente expressar quem se é. Então por que para algumas pessoas, o mundo parece carecer desta qualidade? Será isso mesmo uma realidade? Ouço afirmações de pessoas sobre seus filhos e também dos filhos a respeito de sua família, acerca da falta de atenção e consideração uns com os outros. Afirmam não haver troca de gentilezas entre eles. Precisamos perceber que crença é filtro de percepção e pode estar, dentro do sistema, impedindo a entrada desse e de outros valores. Para compreender o significado que as pessoas dão às suas experiências, precisamos conhecer um pouco do seu modelo de mundo. Tudo o que acreditamos ou deixamos de acreditar passa, de um modo ou outro, pelas facetas da mente que percebe. Segundo a CNL, gentileza é uma nominalização. Isso significa, entre outras coisas, que gentileza para uma pessoa, não necessariamente o é para outras. Outro dia ouvi uma mulher no restaurante se queixando com a amiga do quanto seu marido era relapso com ela. Não pude resistir a prestar atenção e refletir, e juro que ela falava um pouco alto, com uma voz aguda e gestos rápidos. Ela afirmava veementemente que ele nunca fora capaz de ser gentil com ela. - Nunca? Desconfiei. Será que, em nenhum momento ele expressou sequer uma única gentileza para com ela? Notar a gentileza do outro nos atos mais sutis muitas vezes é difícil. É imperceptível para aquela pessoa, ela simplesmente não vê. Porque ela representa o mundo à sua maneira, e como fazemos isso através dos nossos sentidos, cada pessoa normalmente tem um sentido predominante, aquilo pode passar longe dos seus filtros de percepção. Não sei se era o caso dessa mulher, mas meus ouvidos ficam aguçados quando escuto coisas deste tipo, já que a linguagem carrega consigo inúmeras generalizações, distorções e omissões a respeito do mundo, que não são o mundo em si. Precisamos ir além da linguagem para compreendê-la. Bem, este é o trabalho do CNL, e também do coaching para relacionamentos – apoiar pessoas em seus objetivos, levando em conta seu modelo de mundo e ajudando-as a despertar para seus recursos internos. Despertar aquilo que as pessoas têm como recursos podem fazer acontecer às atitudes, comportamentos e acontecimentos que elas desejam ver no mundo. Através das técnicas do Coaching coloca-se a atenção a maior parte do tempo nas soluções, e não nos problemas dos relacionamentos. Esta atuação permite que se tornem possíveis a expressão destes importantes valores em nossa vida, como é a gentileza. Ao perceber que tudo é sistêmico, as pessoas podem aprender que uma mudança de sua parte pode representar mudanças significativas em seus relacionamentos. Nesse caso vale a expressão: gentileza gera gentileza. O relacionamento externo reflete o relacionamento que o indivíduo construiu primeiro dentro de si. Acredito na força da Atitude Gentil. É comum se pensar ou se permitir atos de gentileza somente com as pessoas queridas, aquelas com as quais se tem laços construídos e intimidade. Quando se trata de uma expressão pública, onde não importa quem, o que e onde as pessoas vão ser gentis, percebo que existe uma seleção. Mas a atitude gentil em si mesma, como algo que simplesmente se manifesta como parte de nossa natureza, normalmente se faz com ressalvas. É preciso tornar a gentileza um ato público! Gentileza com tudo e com todos, com a vida, com os animais, com as plantas, com as pessoas, com a mãe Terra, com o ar que respiramos. - E quanto à gentileza com você mesmo, o que você me diz? Ah! Eu sei, essa pode ser a parte mais desafiante e a principal com a qual você precisa criar intimidade. De qualquer forma, quer provenha dos seres humanos, da natureza ou diretamente do Criador, a gentileza está sempre disponível em quantidades infinitamente abundantes. Se você não acredita nisso, experimente expressar suas qualidades gentis. Poderá se surpreender com o que receber de volta! Quem sabe, poderá até, como eu, sentir cheiro de flor.
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