A religiosidade é fruto do sentimento inato da existência de Deus, que o Espírito conserva ao encarnar. Justamente na infância, entre seus familiares e amigos, é que as crianças assimilam suas mais profundas convicções corpóreas. Todos nós trazemos certo grau de maturidade espiritual; são significativos conhecimentos a respeito de nós mesmos e de nossa filiação divina, adquiridos no decorrer das vidas pretéritas. O que principalmente chama a atenção de muitos de nós, na fase infantil, é o desejo ardente de adquirir conhecimentos - uma espécie de energia motora, sempre em movimentação, que nos anima, estimula, encoraja e impulsiona ao aprendizado constante. Tudo que fazemos na infância tem um objetivo importante na formação de nossa personalidade psicossocial e espiritual; portanto, devemos valorizar os esforços e a sede de informações da idade dos "porquês". As crianças querem saber sobre as coisas mais profundas, como Deus, elas mesmas, a religião, até as mais triviais, como "por que está chovendo?" ou " por que a pedra é dura?". Adultos que incutiram nas crianças conceitos de que Deus dá prêmios e castigos, que se zanga com suas travessuras e fica profundamente desgostoso quando não se conduzem bem, estão, na realidade, criando nelas sentimentos de culpa. Utilizam-se da onisciência, onipresença e onipotência de Deus para manipular, através do medo, o bom comportamento delas. Não somente pais, professores e parentes lançam mão da culpa e do medo; também as próprias religiões do passado usavam esses sentimentos para garantir a submissão dos fiéis, intimidando-os como o fogo do inferno, caso não fossem "suficientemente bons". Certas religiões criaram situações nas quais o indivíduo não pode sentir-se à vontade. Estabeleceram dogmas, mitificaram personalidades, fizeram cultos irracionais a médiuns, escritores, oradores, chamando-os de "indivíduos santos". Essas personagens passaram, a partir daí, a ocupar o lugar de nossa própria consciência e de nosso senso de moralidade. Segui-los transformou-se em exigência; caso contrário, começaríamos a nos sentir heréticos, culpados ou doentes espirituais. Jesus Cristo é idolatrado, sendo considerado Deus pelas religiões dogmáticas. Ao equipararem o Mestre com a Divindade, colocaram-no fora de nosso horizonte existencial, tornando impossível seguir-lhe os ensinos e as atitudes iluminadas. Jesus sabia que, em germe, todos somos frutos iguais da Paternidade Divina, razão pela qual assegurou que poderíamos fazer as obras que Ele fez, e até maiores do que elas. A autêntica religiosidade não quer restringir nossa liberdade, mas, sim, apresentá-la a nós. Ela nos inspira a naturalidade da vida, o espírito crítico, a perquirição filosófica, a racionalidade, levando-nos a entender a perfeita harmonia do Universo. Igualmente nos incentiva a viver a religião natural, em cuja ambiência não se realiza nenhum culto exterior ou místico, nem existem privilégios ou concessões celestiais. A Religião é dom inato, um dos sentidos inerentes ao indivíduo. Recurso que o Pai nos concede para que possamos participar dos poderes sagrados da Divina Criação.
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