O mito constitui uma realidade antropológica fundamental, pois ele não só representa uma explicação sobre as origens do homem e do mundo em que vive, como traduz por símbolos ricos de significado o modo como um povo ou civilização entende e interpreta a existência. Mito é uma narrativa tradicional de conteúdo religioso, que busca explicar os principais acontecimentos da vida. O conjunto de narrativas desse tipo e o estudo das concepções mitológicas encaradas como uns dos elementos integrantes da vida social são denominados mitologia. A narração mitológica envolve basicamente acontecimentos relativos a épocas primordiais, ocorridos antes do surgimento dos homens (história dos deuses) ou com os "primeiros" homens (história ancestral). O verdadeiro objeto do mito, contudo, não são os deuses nem os ancestrais, mas a apresentação de um conjunto de ocorrências fabulosas com que se procura dar sentido ao mundo. O mito aparece e funciona como mediação simbólica entre o sagrado e o profano, condição necessária à ordem do mundo e às relações entre os seres. Sob sua forma principal, o mito é cosmogônico ou escatológico, tendo o homem como ponto de interseção entre o estado primordial da realidade e sua transformação última, dentro do ciclo permanente nascimento-morte, origem e fim do mundo. As semelhanças com a religião mostram que o mito se refere - em seus níveis mais profundos - a temas e interesses que transcendem a experiência imediata, o senso comum e a razão: Deus, a origem, o bem e o mal, o comportamento ético e a escatologia (destino último do mundo e da humanidade). Crê-se no mito, sem necessidade ou possibilidade de demonstração. Rejeitado ou questionado por diversas teorias, o mito é convertido em fábula ou ficção. Porém, nada é mais verdadeiro que os mitos em seus significados, em sua profundidade e sabedoria.
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