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LAURA CAPRIGLIONE
DE SÃO PAULO
FERNANDA REIS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Médicos ainda batem boca, mas as mulheres parecem ter
resolvido a polêmica: pelos pubianos, melhor não tê-los. O resultado é que
nunca como agora vaginas foram observadas tão de perto e, por que não? Acariciadas.
Uma pesquisa realizada com 2.451 americanas pela Universidade de Indiana e pelo
Instituto Kinsey para Estudos sobre Sexo, Gênero e Reprodução mostrou que: 1.
Quanto mais jovens as mulheres (18 a 24 anos), maior a prevalência da remoção
total ou parcial de pelos pubianos (87,7% das entrevistadas). No grupo com mais
de 50 anos, 51,7% declararam não ter arrancado um só fio no mês anterior. 2.
Mulheres que removeram todos os seus pelos pubianos pelo menos uma vez nos 30
dias anteriores tinham maior probabilidade de ter observado seus genitais no
mesmo período. 3. E em que grupo se encontraram as mulheres mais confiantes em
relação a sua imagem genital? Pois é. Entre as que fizeram a depilação íntima
total ou parcial. 4. Por fim, as "peladas" reportaram índices de satisfação
sexual significantemente maior do que suas colegas "cabeludas”. A mudança
no padrão estético, que nos Estados Unidos aconteceu de uma década para cá,
motivou a produção de vários estudos científicos. Foram migrantes brasileiras
trabalhando como esteticistas que levaram a moda da depilação pubiana,
praticada por aqui desde o advento do biquíni cavadão, para o outro lado do Equador.
Mas, mesmo na pátria das caça-pelinhos, os costumes estão mudando. As
depiladoras admitem: se antes a moda era manter uma faixinha de pelos no meio
(a parte que não apareceria mesmo usando biquíni), agora as meninas pedem a
depilação ampla, total e irrestrita. "A maioria já pede a depilação
total", diz Maria Francisca Oliveira, do Salão Care, do Rio. "De 30
anos para menos, então, todas fazem.” Dói? "Dói sim, não vou mentir. E
também custa caro --U$ 75 [ou R$ 132] a sessão. Por que elas então fazem? Três
explicações: sexo, sexo e sexo", afirma a depiladora paulista Reny Ryan,
58, há 35 anos vivendo em San Francisco, Costa Oeste americana. O pessoal do
contra diz que se trata de mais um sintoma da clássica sujeição feminina aos
homens, hoje convertidos à causa da depilação delas (para mostrar que não foi
sempre assim, registre-se o furor que causou, em 1985, o nu peludo e cabeludo
da atriz Claudia Ohana na "Playboy" nacional).Se fosse simplesmente
sintoma da sujeição feminina aos homens, como explicar que, na pesquisa
americana, 86% das bissexuais e 74% das lésbicas se declarem total ou
parcialmente depiladas, índices em tudo semelhantes aos 80% das
heterossexuais?Reny conta que, quando começou a depilar nos Estados Unidos, as
mulheres chegavam pedindo para fazer sobrancelha e meia perna. "E só. Tive
de ir com muito tato para convencer americanas puritanas a tirar toda a roupa e
abrir as pernas para mim. É preciso ganhar a confiança, mas aí faço tudo:
região pubiana, área anal, tudo.” DESCOBERTA. Para a depiladora, essas mulheres
percebem uma parte do corpo que nunca antes tinham visto. "Muitas se
surpreendem com a delicadeza da pele lisa e com sua própria aparência. Saem
daqui com a disposição de comprar uma calcinha sexy", diz Reny, autora do
livro "Confissões de uma Depiladora Brasileira nos Estados Unidos"
(Matrix, 151 págs. R$ 24,90). Segundo a pesquisa americana, parece haver uma
correlação direta entre depilação e sexo oral. Mulheres que não removem pelos
pubianos relataram, em 58,7% dos casos, ter recebido sexo oral nas quatro
semanas anteriores à pesquisa. O índice subia a 70,8% para as que haviam feito
uma remoção parcial e chegava aos 81,6% para aquelas sem pelo nenhum. A
dermatologista Mônica Aribi contraindica a depilação total: "Pelos
protegem a região vaginal contra a invasão de bactérias e ajudam a manter a
temperatura e o pH ideais para a região".Cresce, porém, a corrente dos
médicos que acham que a depilação --hoje em dia-- pode ser feita sem maiores
prejuízos. "Com recursos como os sabonetes íntimos, a depilação não
aumenta os riscos de infecção. Pode fazer, sim. Basta querer", diz a
ginecologista Rosa Maria Neme, diretora do Centro de Endometriose São Paulo. Entre
as americanas, ainda é esmagadora a prevalência da depilação feita em casa, com
a lâmina de barbear --como retratado na "Playboy" de agosto de 1995,
com Adriane Galisteu no papel de raspadora e "raspadinha".REMOÇÃO COM
CERA Os especialistas no assunto (médicos e depiladores) afirmam que a
depilação com cera oferece um conforto maior para a mulher, desde que feita em
local com alto padrão de higienização, sem reciclagem da cera.O ginecologista
Newton Busso diz que depilações feitas com cera reciclada expõem a mulher ao
risco de contrair uma foliculite, inflamação do folículo piloso: "Como a
cera é aplicada em uma temperatura alta, ela provoca a abertura do folículo,
expondo-o mais a contaminações por bactérias."
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