domingo, 15 de janeiro de 2012

Afetividade Seus limites e sua ética


A saúde mental é um dos elementos fundamentais para uma boa qualidade de vida no planeta. Porém, estudos mostram que está cada vez mais difícil alcançar essa qualidade, visto que valores e regras que sustentam o equilíbrio do indivíduo na sociedade estão sendo negados. Dentre os critérios de saúde mental estão o respeito e o cuidado por si mesmo, pelos outros, pelo planeta, seus animais e vegetação. Cuidar é um ato consciente que pode ser ensinado. É um dos maiores geradores de prazer que o ser humano conhece. Cuidar dos filhos adequadamente pode ser o início de uma grande transformação individual e social. A afetividade é a dinâmica humana mais profunda e complexa que podemos experimentar. Inicia-se a partir do momento em que um sujeito se liga a outro, a partir do amor, um sentimento único, mas que traz outro sentimento complexo e profundo, que é o medo da perda deste amor. Quanto maior o amor, maior o medo da separação, da perda e da morte. Esse medo pode desencadear outros sentimentos como ciúme, raiva, ódio, inveja, saudade...A afetividade é a mistura de todos esses sentimentos, e aprender a cuidar adequadamente de todas essas emoções é que vai proporcionar ao sujeito uma qualidade de vida emocional. Como nascemos apenas movidos pelo impulso ao prazer é natural que, ao vivermos um sentimento doloroso como a raiva ou o medo, reajamos, impulsivamente, com a destruição do objeto ou da situação que provocou a dor. Só não temos consciência de que estamos destruindo também a fonte do prazer, do amor. É neste momento que o sujeito "já cuidado" que vai colocar os limites necessários, impedindo-o de destruir a sua fonte de amor. Esse sujeito cuidador, em nome do Amor que sente pela criança, vai ajudá-la a não destruir o que lhe é fonte de amor, impedindo-a de agir em nome da raiva ou medo. Deve-se permitir a manifestação do sentimento, porém impedir atos que,apenas momentaneamente, aliviariam a dor do sentimento de desprazer. Pode sentir medo, raiva. Pode expressá-los através de choro ou palavras. Só não pode destruir a fonte de tais sentimentos, pois ela é também a fonte de seu prazer maior, o Amor. O cuidador deve impor os limites com autoridade, mas sem ser autoritário. Dizer a uma criança: "eu não quero que você me bata", e segurar sua mão impedindo-a de bater é caracterizado como um limite, que é oferecer à criança os contornos, a fronteira até onde ela pode ir naquele momento. Uma criança normal vai reagir ao limite com choros e/ ou crises. E é neste momento de frustração que ela vai aprender que pode suportar frustrações. Não é necessário muito tempo, mas sim, aproveitamento adequando do tempo quando se está cuidando. Aproveitamento adequado na hora adequada implica agir sem sentir prazer, frustrar desejos imediatos em nome de outro desejo maior: ver o sujeito que estou cuidando crescer sadio e equilibrado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário