Faz
parte do processo evolutivo vital que as pessoas se conheçam, namorem, casem,
enfim, estabeleçam relacionamentos amorosos. No entanto, entre duas pessoas que
se relacionam, existe um sistema de valores e uma cultura própria que cada
indivíduo, traz consigo de sua família. "Quando você se casa com uma
mulher, você se casa com uma família". Sendo assim, o irmão passa a ser
cunhado, o pai passa a ser sogro e a mãe, sogra. Nessa multiplicidade de papéis
e funções, a sogra é um personagem que carrega um estereótipo de múltiplas
conotações, que, geralmente, suscita piadas, brincadeiras, gozações e
comentários jocosos. Relação sogra-nora como uma afinidade interpessoal que
ocorre dentro do casamento, no qual se configuram e se estabelecem,
formalmente, os papéis destas duas mulheres. Elas passarão então, a pertencer à
mesma família, já que a nora se casou com o filho de sua sogra. Essa é uma
relação de parentesco obrigatória e necessária, na qual sogra e nora são
oriundas de famílias diferentes, possuindo hábitos, valores e crenças, muitas
vezes, incompatíveis. A princípio, elas só possuem uma coisa em comum, que é o
marido/filho. Porém, com o tempo, passam a estabelecer algum tipo de relação
que pode ser prazerosa, gratificante ou hostil e competitiva. Muitas vezes, a
maneira preconceituosa como é vista essa relação pode dificultar o
estabelecimento de vínculos entre sogra e nora. Existe sim preconceito da
seguinte forma: o sogro é visto como um segundo pai, um amigo; já a sogra é vista
como "a velha chata, linguaruda, que sempre mete o nariz onde não é
chamada". O mesmo ocorre com a nora, que é vista como a rival, aquela que
rouba o filho, enquanto que o genro é tido como um filho, para quem a mãe da
mulher faz os melhores doces. Entretanto, popularmente, o preconceito negativo
recai sobre a sogra. Já se tornou um mito, pois, em qualquer cultura, a ela
está associada uma imagem de pessoa inoportuna, que deve ser suportada por
qualquer pessoa em algum momento de sua vida. A relação sogra-nora pode
dificultar-se quando ambas necessitam morar no mesmo lar, seja por problemas
financeiros do casal ou pelo fato da sogra não ter condições de morar sozinha,
por exemplo. “Acredita-se que essa situação deva ser evitada, ainda que seja a
mais extraordinária das mães, só no caso de extrema necessidade deve morar com
o casal”. No entanto, se não houver outra saída, seria produtivo para a relação
que a sogra evitasse interferir na vida do casal; não tomasse partido, não
dessas ordens à nora evitasse fazer comparações de como as coisas eram no seu
tempo. No entanto, independente de sogras e noras morarem juntas ou separadas,
geralmente ocorrem conflitos entre elas, podendo até trazer conseqüências para
a vida do casal. Há três décadas, pesquisas realizadas já mostravam que dentre
os problemas conjugais, a interferência dos sogros, na maioria das vezes,
estava presente. Constatava-se também que as sogras criavam mais dificuldades
que qualquer outro parente. O fato de o filho sustentar financeiramente a mãe
pode ser mais um motivo de conflito entre sogra e nora, assim como do casal,
pois muitas esposas acreditam que seus maridos são explorados, atribuindo a
culpa disso às suas sogras. Outro fator que pode influenciar a relação
sogra-nora é a chegada de um filho/neto, pois a partir desse momento existe
mais um ser ligado a elas. Avó pode ser a solução para muitas mulheres que
perdem os filhos através do casamento. Na relação mãe-filho, porém, não existe
essa liberdade das avós para se intrometerem na educação dos netos como existe
no vínculo mãe e filha. Que a avó pode contribuir muito quando completa e não
deseja substituir e nem competir no cuidado dos netos. Sogra e nora poderão ter
opiniões diferentes quanto à educação, uma vez que pertencem a diferentes gerações.
A relação entre essas duas mulheres é influenciada, também, pela qualidade dos
vínculos que os cônjuges estabeleceram com suas respectivas mães. Isso se dá
pelo fato de que a relação com a mãe é a base para futuros relacionamentos
amorosos. Assim, os modelos de relação que a nora estabeleceu com sua mãe
poderão definir a possibilidade de relacionamento dela com outras mulheres, no
caso com sua sogra. Se a nora teve um relacionamento desagradável com a mãe,
pode repudiar a sogra, assim como pode vê-la como amiga ou a mãe que nunca
teve. Quanto à relação que a sogra estabeleceu com seu filho, se essa elaborou
seu vínculo maternal, deixá-lo-á livre para que mantenha outros vínculos
femininos, respeitando sua escolha e, se o filho desvinculou-se de sua mãe,
poderá casar-se, separando o amor materno do conjugal. No entanto, a mãe que
tem uma forte relação de dependência com seu filho experimentam o casamento
deste como uma forte separação sentimental que, facilmente, se transforma em
repulsa ou ciúme para com a nora, que é quem lhe "rouba" o filho.
Pode surgir, então, uma tendência, muitas vezes inconsciente, de criticar a
nora em todas as suas ações e gestos, multiplicando os conselhos e tentando
recolocar o filho sob sua influência. Devido a todos os fatores que envolvem a
relação sogra-nora, são inúmeros os sentimentos desencadeados em virtude dessa
ligação, como por exemplo: ciúme, inveja, raiva, tristeza, insegurança,
amizade, amor, carinho, respeito, entre outros. Quanto ao ciúme, esse é um
sentimento originado do desejo de ter só para si a pessoa amada, no caso o
marido/filho. Para as mães que amam exageradamente seus filhos, o casamento
deles é uma separação encarada com ansiedade e percebida como uma perda. Outro
sentimento que pode surgir nessa relação é o de evitamento, que se manifesta
através de contatos pessoais limitados e relações extremamente cerimoniosas,
caracterizando, sobretudo, as relações de diferentes gerações. No entanto, nem
só de sentimentos ruins se faz a relação sogra-nora. Pode haver também
sentimentos bons, favorecendo essa relação. Já há três décadas relatava-se que,
quando os pais sentiam ter ganhado uma filha, alegravam-se com essa situação,
favorecendo que a nora pudesse ver em seus sogros como amigos, ao invés de
inimigos. O papel do marido/filho é fundamental no desenvolvimento da relação
sogra-nora. Cabe a ele saber separar o amor de mãe e o amor de esposa,
colocando estas mulheres nos seus lugares. O homem não deve dar motivo para que
elas entrem em conflito e, se isso ocorrer, mesmo que independentemente de sua
vontade, ele deve saber lidar com essa situação, tentando melhorá-la. No
entanto, apesar dos inúmeros conflitos que envolvem a relação sogra-nora, eles
podem ser administrados de forma saudável. Isto ocorre à medida que ambas
amadurecem emocionalmente e podem compreender-se mutuamente, conscientizando-se
que não precisam competir, já que cada uma exerce um papel diferente.
Provavelmente, este seja um grande desafio, que implica uma contínua construção
desta relação. Aceite ambas com muito amor e verdade.
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