domingo, 4 de março de 2012

Reflexões que envolvem sentimentos e emoções
























Faz parte do processo evolutivo vital que as pessoas se conheçam, namorem, casem, enfim, estabeleçam relacionamentos amorosos. No entanto, entre duas pessoas que se relacionam, existe um sistema de valores e uma cultura própria que cada indivíduo, traz consigo de sua família. "Quando você se casa com uma mulher, você se casa com uma família". Sendo assim, o irmão passa a ser cunhado, o pai passa a ser sogro e a mãe, sogra. Nessa multiplicidade de papéis e funções, a sogra é um personagem que carrega um estereótipo de múltiplas conotações, que, geralmente, suscita piadas, brincadeiras, gozações e comentários jocosos. Relação sogra-nora como uma afinidade interpessoal que ocorre dentro do casamento, no qual se configuram e se estabelecem, formalmente, os papéis destas duas mulheres. Elas passarão então, a pertencer à mesma família, já que a nora se casou com o filho de sua sogra. Essa é uma relação de parentesco obrigatória e necessária, na qual sogra e nora são oriundas de famílias diferentes, possuindo hábitos, valores e crenças, muitas vezes, incompatíveis. A princípio, elas só possuem uma coisa em comum, que é o marido/filho. Porém, com o tempo, passam a estabelecer algum tipo de relação que pode ser prazerosa, gratificante ou hostil e competitiva. Muitas vezes, a maneira preconceituosa como é vista essa relação pode dificultar o estabelecimento de vínculos entre sogra e nora. Existe sim preconceito da seguinte forma: o sogro é visto como um segundo pai, um amigo; já a sogra é vista como "a velha chata, linguaruda, que sempre mete o nariz onde não é chamada". O mesmo ocorre com a nora, que é vista como a rival, aquela que rouba o filho, enquanto que o genro é tido como um filho, para quem a mãe da mulher faz os melhores doces. Entretanto, popularmente, o preconceito negativo recai sobre a sogra. Já se tornou um mito, pois, em qualquer cultura, a ela está associada uma imagem de pessoa inoportuna, que deve ser suportada por qualquer pessoa em algum momento de sua vida. A relação sogra-nora pode dificultar-se quando ambas necessitam morar no mesmo lar, seja por problemas financeiros do casal ou pelo fato da sogra não ter condições de morar sozinha, por exemplo. “Acredita-se que essa situação deva ser evitada, ainda que seja a mais extraordinária das mães, só no caso de extrema necessidade deve morar com o casal”. No entanto, se não houver outra saída, seria produtivo para a relação que a sogra evitasse interferir na vida do casal; não tomasse partido, não dessas ordens à nora evitasse fazer comparações de como as coisas eram no seu tempo. No entanto, independente de sogras e noras morarem juntas ou separadas, geralmente ocorrem conflitos entre elas, podendo até trazer conseqüências para a vida do casal. Há três décadas, pesquisas realizadas já mostravam que dentre os problemas conjugais, a interferência dos sogros, na maioria das vezes, estava presente. Constatava-se também que as sogras criavam mais dificuldades que qualquer outro parente. O fato de o filho sustentar financeiramente a mãe pode ser mais um motivo de conflito entre sogra e nora, assim como do casal, pois muitas esposas acreditam que seus maridos são explorados, atribuindo a culpa disso às suas sogras. Outro fator que pode influenciar a relação sogra-nora é a chegada de um filho/neto, pois a partir desse momento existe mais um ser ligado a elas. Avó pode ser a solução para muitas mulheres que perdem os filhos através do casamento. Na relação mãe-filho, porém, não existe essa liberdade das avós para se intrometerem na educação dos netos como existe no vínculo mãe e filha. Que a avó pode contribuir muito quando completa e não deseja substituir e nem competir no cuidado dos netos. Sogra e nora poderão ter opiniões diferentes quanto à educação, uma vez que pertencem a diferentes gerações. A relação entre essas duas mulheres é influenciada, também, pela qualidade dos vínculos que os cônjuges estabeleceram com suas respectivas mães. Isso se dá pelo fato de que a relação com a mãe é a base para futuros relacionamentos amorosos. Assim, os modelos de relação que a nora estabeleceu com sua mãe poderão definir a possibilidade de relacionamento dela com outras mulheres, no caso com sua sogra. Se a nora teve um relacionamento desagradável com a mãe, pode repudiar a sogra, assim como pode vê-la como amiga ou a mãe que nunca teve. Quanto à relação que a sogra estabeleceu com seu filho, se essa elaborou seu vínculo maternal, deixá-lo-á livre para que mantenha outros vínculos femininos, respeitando sua escolha e, se o filho desvinculou-se de sua mãe, poderá casar-se, separando o amor materno do conjugal. No entanto, a mãe que tem uma forte relação de dependência com seu filho experimentam o casamento deste como uma forte separação sentimental que, facilmente, se transforma em repulsa ou ciúme para com a nora, que é quem lhe "rouba" o filho. Pode surgir, então, uma tendência, muitas vezes inconsciente, de criticar a nora em todas as suas ações e gestos, multiplicando os conselhos e tentando recolocar o filho sob sua influência. Devido a todos os fatores que envolvem a relação sogra-nora, são inúmeros os sentimentos desencadeados em virtude dessa ligação, como por exemplo: ciúme, inveja, raiva, tristeza, insegurança, amizade, amor, carinho, respeito, entre outros. Quanto ao ciúme, esse é um sentimento originado do desejo de ter só para si a pessoa amada, no caso o marido/filho. Para as mães que amam exageradamente seus filhos, o casamento deles é uma separação encarada com ansiedade e percebida como uma perda. Outro sentimento que pode surgir nessa relação é o de evitamento, que se manifesta através de contatos pessoais limitados e relações extremamente cerimoniosas, caracterizando, sobretudo, as relações de diferentes gerações. No entanto, nem só de sentimentos ruins se faz a relação sogra-nora. Pode haver também sentimentos bons, favorecendo essa relação. Já há três décadas relatava-se que, quando os pais sentiam ter ganhado uma filha, alegravam-se com essa situação, favorecendo que a nora pudesse ver em seus sogros como amigos, ao invés de inimigos. O papel do marido/filho é fundamental no desenvolvimento da relação sogra-nora. Cabe a ele saber separar o amor de mãe e o amor de esposa, colocando estas mulheres nos seus lugares. O homem não deve dar motivo para que elas entrem em conflito e, se isso ocorrer, mesmo que independentemente de sua vontade, ele deve saber lidar com essa situação, tentando melhorá-la. No entanto, apesar dos inúmeros conflitos que envolvem a relação sogra-nora, eles podem ser administrados de forma saudável. Isto ocorre à medida que ambas amadurecem emocionalmente e podem compreender-se mutuamente, conscientizando-se que não precisam competir, já que cada uma exerce um papel diferente. Provavelmente, este seja um grande desafio, que implica uma contínua construção desta relação. Aceite ambas com muito amor e verdade.

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