A pessoa portadora de um Complexo de Superioridade está
tentando compensar sensações de inferioridade que lhe são inerentes. Este termo
foi criado pelo psicólogo Alfred Adler, discípulo de Freud, que posteriormente
rompe com o mestre, e idealizador da Psicologia Individual. O sujeito que
desenvolve este sentimento nos vê outros, julgados por ele como seus
subordinados, traços de inferioridade que na verdade pertencem a ele, ou seja,
trata-se de um jogo de projeções. Assim, ele tende a marginalizá-los, da mesma
forma como também se sente excluído, atribuindo-lhes as mesmas características
que lhe são imputadas por outrem. É muito comum estes indivíduos serem vistos
como arrogantes e pretensiosos. O ser com Complexo de Superioridade não
consegue equilibrar em seu íntimo seu potencial e seus limites, considerando-se
alguém com valia e aptidão superestimadas. Suas perspectivas sobre si mesmo são
extremamente elevadas e ele acredita ter um poder de realização muito maior do
que realmente possui. Normalmente ele apresenta uma vaidade incomum, que se
reflete na sua própria maneira de se vestir, nas suas ações e atitudes, até
mesmo no modo de falar, algumas vezes exagerado e presunçoso. Tentando parecer
melhor que todo o sujeito se revela intolerante, sempre contradizendo o ponto
de vista alheio e se esforçando para dominar os que ele julga lhe serem inferiores.
Sentindo-se essencialmente inferior, a pessoa tenta parecer superior mais para
si mesma do que para os outros. Embora aparente superioridade, ela teme ser socialmente
desprezada, sente-se insegura, tem uma baixa auto-estima, mesmo que todos esses
sentimentos estejam ocultos no seu inconsciente, mas nem por isso menos
intoleráveis para sua mente. É neste momento que o homem cria as famosas
máscaras, tão presentes na rotina da nossa sociedade, para que se pareça melhor
que os outros. Muitas vezes isolado do convívio social por alguma razão ou
mergulhado em devaneios, o indivíduo pode recorrer a este Complexo como uma
forma de sobreviver perante sua inadaptação à sociedade. Assim, é inevitável –
complexos de superioridade e inferioridade estão sempre muito próximos e podem
tranqüilamente coexistir no mesmo sujeito, por toda a sua existência. Mas como
identificar os que trazem em si estes complexos? Às vezes a forma agressiva e
presunçosa da pessoa se comportar já indica a presença destes distúrbios, mas
em outros casos a presença dos sinais mais freqüentes é tão sutil, que só em
momentos extremos de estresse ou ansiedade ela irá revelar explicitamente a
presença destes sintomas. Diante do olhar social estas pessoas são, em alguns
casos, caridosas, voluntárias em trabalhos beneméritos, preocupadas com o bem
do próximo e da comunidade, mas simultaneamente ocultam no seu âmago o
sentimento de serem melhores e mais nobres que as outras. No momento em que as
personas desmoronam, o homem revela-se como realmente é, muitas vezes cobrando
por suas ações de generosidade, desvalorizando o esforço de outrem. A pressão
das suscetibilidades e melindres é muito forte, assim como é difícil conviver
com as críticas, aprender a aceitá-las, digeri-las, e utilizá-las a nosso
favor. Muitas vezes o Complexo de Superioridade é ativado como um mecanismo de
defesa, diante de qualquer ameaça ao nosso Ego. Lutar contra um sentimento
inconsciente, que não conseguimos olhar de frente, o qual rejeitou mesmo quando
temos um vislumbre dele, é uma tarefa que exige muita firmeza e determinação. É
necessário muito domínio de si mesmo para viver com os traços de personalidade
opostos em perfeita harmonia e ir além,valorizando os atos dos que nos cercam,
seja qual for o contexto.
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