Tirando a Amélia uma espécie, aliás, em franco processo de
mutação toda mulher que se preza não vive sem a sua vaidade. Para os homens,
pode parecer felicidade barata, mas, para as mulheres, que sabem o quão caro é
o custo disso, um dia de sorriso garantido é aquele em que a pele amanhece
perfeita, os cabelos dispostos a colaborarem e o guarda-roupa recheado de peças
que parecem ter sido desenhadas sob medida. Mas quem pensa que a tradicional
produção visual feminina visa encantar os olhares masculinos, engana-se. É
claro que, nessa história, há uma boa dose de síndrome de pavão, que se enfeita
para atrair o sexo oposto, e também um pouco de satisfação pessoal. Mas o que
atormenta a maioria das mulheres naqueles dias de camiseta, calça de moletom e
rabinho de cavalo é a própria opinião feminina. Como boas representantes da
espécie, elas sabem que o mundo é uma arena de leoas, todas de olho vivo para
condenar sapatos mal escolhidos, maquiagens borradas e outros deslizes da concorrência.
Estima como o carro é para o homem, compara ela. Difícil essa vida de mulher:
se arrumar para elas, se despir para eles. Exagero! Esta pergunta
generalizadora não resiste a uma análise profunda, haja vista a dicotomia:
existem mulheres e mulheres! Não se pode, portanto, universalizar aquilo que,
por natureza, é diferenciado. Ao longo de minha vida, conheci muitas e muitas mulheres
que são os melhores exemplos de seres humanos desprovidos de quaisquer traços
de vaidade, pois estão mais voltados para os filhos, maridos, parentes, e
pessoas que delas dependem, enfim, estão sempre praticando o altruísmo. Vivem
entregues aos trabalhos e de ajudar a família ou até mesmo mantê-la. Por isto
mesmo, por estarem empenhadas na luta pela subsistência, nunca têm tempo para
cuidar de si mesmas, ou seja, cultivar a vaidade que muitos acham ser um traço
comum ao sexo feminino. Coitadas! Às vezes não têm sequer o tempo necessário
para olhar-se no espelho, porque as obrigações lhes falam mais alto. Contudo,
outras – que não constituem maioria – dispondo de mais tempo e recursos
materiais, sabem cuidar do próprio corpo como se este fosse num bem supremo e,
para tanto, suportam os maiores sacrifícios, longos e inimagináveis: exercícios
físicos, operações plásticas, dietas rigorosas, massagens, uso constante de
cosméticos, fuga ao sol – aliás, o que fazem muito bem! Enfim, uma rigorosa
fidelidade aos ditames da moda no calçar e vestir! Não dispensam jóias e tudo
aquilo que lhes possa embelezar o corpo. São, portanto, hedonistas!Tanto no
primeiro caso, como no segundo, se a beleza física ou a modéstia vierem
acompanhadas das boas qualidades da alma e do coração nelas vamos encontrar
sempre os melhores exemplos de mulheres verdadeiramente encantadoras!Vale ainda
ressaltar que, em ambos os casos, não gostam de envelhecer. É muito doloroso
para elas refletirem sobre a verdade, depois de certas idades e principalmente
se olharem nos espelhos.
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